domingo, 18 de novembro de 2012




           










          
             TRISTE FADO

                Não me reconheço, 
                nos trilhos, declives, encruzilhadas,
                para onde emigraram meus sonhos,
              e deslizam indolentes os  meus dedos.

  Não me reconheço,
              no vibrar de vis pensamentos
              e frases pedra que a raiva soltou,
               abrindo  feridas que o tempo não sarou.

                Não me reconheço,
              nas ideias lâmina que afinal não mataram
              a solidão prenhe de desencanto.     
              Tristeza calada na secura do pranto.    

 Não me reconheço,
             no reflexo deste espelho intemporal,
              em que puxo o passado para o presente…
              O presente, que de mim se ausente!

              Não me reconheço,
             na pintura deste quadro outonal
             em que vou perdendo tudo o que sou,
             até ser grão areia que no mar afundou.

              MFG.

terça-feira, 6 de novembro de 2012




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMINHOS DA MEMÓRIA

 Desististe de ti, do sonho, da vida.
A tormenta deu-te um nó cego à alma.
debulhando os afectos  da memória
descobriste razões e meios de solidão
para delineares um futuro sem estória

 o corpo parte, mas o espírito vive
em cada página, em cada capítulo      
Que no silêncio criador desenhaste  
ecos do passado de terras e gentes,
glorificam os caminhos que pisaste.

 Ficou por entender gesto tão louco,
tão lúcido, que importa saber?
Há sinais impossíveis de decifrar
No secretismo das fortes  emoções
As penas, são desatinos por  inventar.

 
M. F. G.