sábado, 4 de janeiro de 2014




 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRISTEZA

Eu parto…
Parto, por tempo indeterminado
à chegada de nuvens negras,
dum Inverno sem estação.    
As asas do meu voar,
são feitas com várias penas,
duma vasta coleção.
 
Eu parto…
Parto, na ideia de voltar.   
Não me perguntem para onde vou,
ficando no mesmo lugar.   
É castigo divino amar a solidão,
mas ela segreda-me ideias loucas,
embriaga-me de emoção.

Eu parto…
Parto, por tempo indeterminado.
Um dia, não sei se volto
brincar de feliz, com a vida.
é ausência, é encanto 
e a realidade me convida   
a morrer afogada em pranto.

Maria de Fátima Gouveia


domingo, 18 de novembro de 2012




           










          
             TRISTE FADO

                Não me reconheço, 
                nos trilhos, declives, encruzilhadas,
                para onde emigraram meus sonhos,
              e deslizam indolentes os  meus dedos.

  Não me reconheço,
              no vibrar de vis pensamentos
              e frases pedra que a raiva soltou,
               abrindo  feridas que o tempo não sarou.

                Não me reconheço,
              nas ideias lâmina que afinal não mataram
              a solidão prenhe de desencanto.     
              Tristeza calada na secura do pranto.    

 Não me reconheço,
             no reflexo deste espelho intemporal,
              em que puxo o passado para o presente…
              O presente, que de mim se ausente!

              Não me reconheço,
             na pintura deste quadro outonal
             em que vou perdendo tudo o que sou,
             até ser grão areia que no mar afundou.

              MFG.

terça-feira, 6 de novembro de 2012




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMINHOS DA MEMÓRIA

 Desististe de ti, do sonho, da vida.
A tormenta deu-te um nó cego à alma.
debulhando os afectos  da memória
descobriste razões e meios de solidão
para delineares um futuro sem estória

 o corpo parte, mas o espírito vive
em cada página, em cada capítulo      
Que no silêncio criador desenhaste  
ecos do passado de terras e gentes,
glorificam os caminhos que pisaste.

 Ficou por entender gesto tão louco,
tão lúcido, que importa saber?
Há sinais impossíveis de decifrar
No secretismo das fortes  emoções
As penas, são desatinos por  inventar.

 
M. F. G.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012






















O LIVRO

Abraça-me...
Sei que acarinho a tua solidão,
As palavras lidas em horas calmas,
aceleraram o pulsar do coração,
ou apaziguam as nossas almas.

Abraça-me...
Ainda que não saibas quem eu sou,
e eu de ti, nada venha a saber.
A fantasia  que criei quase me matou, 
nas páginas do livro que estás a ler.

Abraça-me...
Acreditando que no mais íntimo segredo,
te faça entristecer ou ponha a sorrir.
Posso ser porto de abrigo ou até degredo,
mas as emoções que provoco, são a fingir.

Abraça-me...
Escuta em silêncio este espírito criador. 
Encanta-me este encontro na leitura,
imprimi neste livro tanto amor
para vivermos juntos uma aventura.

Abraça-me...
Se gostares guarda-me na memória,
não em qualquer velha prateleira
Eu prometo manter intacta a estória,
que te pode alegrar a vida inteira 
.
MARIA DE FÁTIMA GOUVEIA















NÃO SOU POETA

Tenho pena de não ter nascido poeta,
gostava de o ser, dentro e fora da minha alma,
para cantar com arte esta dor que não acalma.
Gostaria de saber entrelaçar palavras com flores,
ou pintar cenas coloridas nas paredes da vida.
Gostaria de pegar em lágrimas e agarrar sorrisos
e deles fazer poemas tão docemente corrosivos,    
que o chamar dor à  dor fosse uma  heresia,
sendo ela o engenho da mais bela  poesia!

Maria de Fátima Gouveia

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

  

 NÃO TE AMO!

Ainda que…
Veja na transparência serena do azul do mar…
teu olhar, e  no raiar da manhã a frescura da tua boca,
e louca  me perca em silêncios vazios no desejo,
de um beijo igual ao roubado naquela tarde de Verão…
Não te amo, não!

Ainda que…
O meu corpo seja como areia que no mar se some,
galopando nas águas revoltas  ao sabor das marés.
És cruel como os rochedos agrestes em que me atiro,   
prefiro morrer submersa na onda desta indignação. 
Não te amo, não!

Ainda que…
As noites frias sejam passadas em dor feito prazer,
vivendo na loucura mais louca que de mim me afasta.
Nefasta ventura em que me fizeste de ti cativa,
viva agora presa como ave cantando a solidão….
Não te amo, não!

Ainda que…
Ouça o vento gritar por ti, varrendo furioso a rua
e a chuva pronunciar teu nome no pingar dos beirais.
Os ais… Esses soltam-se de mim como voo de pardais.
Sinais  de tempestade, nestes sentires em turbilhão…
Não te amo, não!

Ainda que…
Me perca vagueando em pensamentos de morte...
Igual sorte te desejo! Quero que sintas a dor e o mel,
cruel encanto que  empresta doçura a este padecer,
de ser e não ser aquilo que sou, perturbada da razão...
Não te amo, não!

Ainda que sejas…
O perfume das flores que piso no jardim da saudade.
O sonho, o ar que respiro, a mentira, a verdade.
O que desejo, o que rejeito, o presente, a eternidade.
Tudo o que quero e o que não quero… A ambiguidade...
Não!
Não te amo, não!

MARIA DE FÁTIMA GOUVEIA





quinta-feira, 19 de maio de 2011


AMOR PERDIDO

Com o teu olhar me prendeste
Desprendido…tão distante.
Sorriste-me….me ofendeste,
apanhada nesse instante

Com as tuas palavras me prendeste
Com quem nada quer…confiante.
Pouco ou mesmo nada prometeste,
desfrutando o desatino desta amante

Com fios de vaidade me prendeste.
Com muita mágoa desatei os nós,
soltando as águas do meu pranto,
num rio que nunca chegou à foz.

Estranho amor, esse teu…
Que deixou morrer o meu,
na vaidade de o ostentar.

Agora amigo …que vejo eu?
O tempo entre nós se meteu.
Chovem lágrimas do teu olhar…

M. Fátima Gouveia

O Voo da Garça
(Sujeito a direitos de autor)