TRISTE FADO
Não me reconheço,
nos trilhos, declives,
encruzilhadas, para onde emigraram meus sonhos,
e deslizam indolentes os meus dedos.
Não me reconheço,
no vibrar de vis pensamentos e frases pedra que a raiva soltou,
abrindo feridas que o tempo não sarou.
Não me reconheço,
nas ideias lâmina que afinal não
matarama solidão prenhe de desencanto.
Tristeza calada na secura do pranto.
Não me reconheço,
no reflexo deste espelho
intemporal,em que puxo o passado para o presente…
O presente, que de mim se ausente!
Não me reconheço,
na pintura deste quadro outonal
em que vou perdendo tudo o que sou,
até ser grão areia que no mar afundou.
MFG.