quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

  

 NÃO TE AMO!

Ainda que…
Veja na transparência serena do azul do mar…
teu olhar, e  no raiar da manhã a frescura da tua boca,
e louca  me perca em silêncios vazios no desejo,
de um beijo igual ao roubado naquela tarde de Verão…
Não te amo, não!

Ainda que…
O meu corpo seja como areia que no mar se some,
galopando nas águas revoltas  ao sabor das marés.
És cruel como os rochedos agrestes em que me atiro,   
prefiro morrer submersa na onda desta indignação. 
Não te amo, não!

Ainda que…
As noites frias sejam passadas em dor feito prazer,
vivendo na loucura mais louca que de mim me afasta.
Nefasta ventura em que me fizeste de ti cativa,
viva agora presa como ave cantando a solidão….
Não te amo, não!

Ainda que…
Ouça o vento gritar por ti, varrendo furioso a rua
e a chuva pronunciar teu nome no pingar dos beirais.
Os ais… Esses soltam-se de mim como voo de pardais.
Sinais  de tempestade, nestes sentires em turbilhão…
Não te amo, não!

Ainda que…
Me perca vagueando em pensamentos de morte...
Igual sorte te desejo! Quero que sintas a dor e o mel,
cruel encanto que  empresta doçura a este padecer,
de ser e não ser aquilo que sou, perturbada da razão...
Não te amo, não!

Ainda que sejas…
O perfume das flores que piso no jardim da saudade.
O sonho, o ar que respiro, a mentira, a verdade.
O que desejo, o que rejeito, o presente, a eternidade.
Tudo o que quero e o que não quero… A ambiguidade...
Não!
Não te amo, não!

MARIA DE FÁTIMA GOUVEIA





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